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25 de novembro de 2024

Criado com o objetivo de ajudar na retomada do setor cultural gaúcho, que sofreu com as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o projeto Circula Sesc – Artistas Gaúchos pelo Brasil vem proporcionando mais do que o aquecimento da economia no estado. A iniciativa representa um recomeçar para vários grupos artísticos, que perderam acervos e equipamentos.

O projeto teve início no dia 17 de outubro, em Pernambuco, e até o fim do ano marcará presença em 30 cidades de 18 estados. A programação do Circula Sesc foi montada a partir de uma convocação voltada, exclusivamente, para artistas de municípios que decretaram calamidade pública em razão das enchentes. Cada projeto contemplado realiza três apresentações, com cachê e todos os custos de hospedagem, alimentação e transporte mantidos pelo Sesc.

Confira algumas histórias de grupos que estão reconstruindo suas vidas e suas trajetórias profissionais com o apoio do Circula Sesc.

O espaço da Ói Nóis Aqui Traveiz, que funciona como escola de teatro, local de ensaio, de criação e de guarda do acervo, foi construído ao longo dos 46 anos. Infelizmente, durante as enchentes, nosso espaço passou três semanas debaixo de água. Figurinos, adereços objetos, fotografias e instrumentos musicais foram perdidos. Esse acervo nos fez pioneiros e referência para o teatro popular e o tetro de rua do país.

Tania Faria, atriz, diretora e atuadora da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz – Porto Alegre

 

Passada a enchente, começamos a tentar recuperar parte dos materiais, como os instrumentos musicais de metal. O mais dramático, no entanto, foi o estado em que ficou o nosso teatro, que servia também como espaço para apresentação de outros grupos e formação de novos artistas.

Com o Circula Sesc, pudemos recomeçar e ir até Pernambuco para três apresentações com a peça “Manifesto de uma mulher de teatro”. Em cada um dos encontros, falei com o público sobre a importância desse projeto, que abriu a possibilidade de voltarmos a trabalhar e nos recolocar no palco. Foi a sensação de um respiro e de estarmos vivos novamente para a arte. O Circula Sesc, junto com o Palco Giratório, são oportunidades de intercâmbio para que os artistas possam apresentar seu trabalho em diferentes regiões. Precisamos de mais projetos como esses!

 

Mariana Abreu – cofundadora do grupo TIA de teatro popular – Canoas

 

As enchentes comprometeram a rotina pessoal e profissional dos artistas gaúchos. Um dos nossos colegas do grupo chegou a perder todos os pertences durante as enchentes e precisou procurar outro lugar para morar. No prédio de três pavimentos onde moro, as águas chegaram até o segundo andar. Minha família foi resgatada por barco, após quatro dias ilhada, e chegou a ficar 30 dias num abrigo local. Apesar das perdas materiais e da estrutura do grupo ter ficado em uma região “seca” durante as enchentes, a programação de espetáculos em comemoração aos 20 anos da companhia foi abruptamente interrompida.

Antes das chuvas, estávamos supercontentes, porque havíamos conseguido montar uma agenda bem bacana para esse ano com os nossos cinco espetáculos de repertório. Porém, com as enchentes, tudo foi cancelado. Por mais que sejamos dinâmicos e tenhamos espetáculos para todos os espaços, está sendo duro retomar a rotina de apresentações.

Por isso, a mobilização pela solidariedade para minimizar os impactos da tragédia foi fundamental para nós, artistas. A ajuda chegou de muitas frentes. Veio da comunidade, de entidades civis e de classe, além do poder público e do Sesc Canoas, que acolheu um número gigantesco de pessoas com alimentação, banho e doações. Além disso, articulou apresentações com os artistas locais nos abrigos e agora, com o Circula Sesc, o TIA subirá ao palco em várias cidades do Brasil.

Paulo Martins Fontes, diretor artístico e ator-bonequeiro da Cia Gente Falante – Teatro de Bonecos – Porto Alegre

A sede da nossa Cia Gente Falante – Teatro de Bonecos foi inundada pelas enchentes. Apesar dos inúmeros transtornos, conseguimos salvar objetos de cena e bonecos de trabalho, transferidos para o segundo andar ou para locais menos afetados do Centro Histórico. O espaço destinado ao ateliê, que funciona há 15 anos como núcleo de formação de atores-bonequeiros, produção e ensaio, não teve a mesma sorte. No momento, estamos tentando recuperar a área, gradativamente.

Para nós, o projeto Circula-Sesc – Artistas Gaúchos pelo Brasil é como um abraço na classe artística. Esse abraço das unidades Sesc é fundamental para nos mantermos ativos e cumprindo a nossa missão. Somos cientes dessa grandiosa atitude para com a classe artística gaúcha, que se recuperará desse dano com lembranças muito luminosas desses braços brasileiríssimos estendidos para nós!

Com o circuito do espetáculo Maria Peçonha, esperamos contribuir com um alerta à sociedade para os riscos das mudanças climáticas. O nosso espetáculo personifica as forças da natureza. Se a respeitamos, flores; se a exaurimos, teremos desertificação e suas consequências. No encalço da Maria, vamos plantando flores e esperamos que as novas gerações aprendam esse plantio respeitoso.

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