Página Inicial > Educação > A lacuna educacional na juventude brasileira
Ter uma carreira, estudar no exterior, conseguir um emprego promissor e formar uma família são alguns dos sonhos que cultivamos na juventude. Mas a realidade tem sido bastante diferente para muitos jovens brasileiros. A mais recentePesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que quase 70 milhões de brasileiros acima de 25 anos não concluíram o ensino básico. Além disso, a taxa de desemprego na faixa etária de 18 a 24 anos é de 18%, o que representa cerca de 12 milhões de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham.
O investimento na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é primordial para reverter esse quadro de exclusão. Mas não se trata de uma equação simples. Em um país de dimensões continentais e realidades tão distintas, a educação não consegue chegar a todos da mesma forma. Atualmente, a modalidade EJA sofre com a evasão de alunos e profissionais de educação. De acordo com dados do Censo Escolar de 2021, foi registrada uma queda de 22% nas matrículas e 29 mil professores deixaram de dar aulas na EJA entre os anos de 2018 e 2021. Questões econômicas, dificuldades de acesso às escolas e a inadequação dos processos de aprendizagem à faixa etária são fatores que compõem esse triste retrato.
Resgatar os jovens do abismo social em que se encontram é urgente e requer uma ampla mobilização. Não se trata apenas de trazê-los de volta às salas de aula, mas de entender o contexto em que estão inseridos, fazendo com que descubram suas potencialidades e os caminhos que podem trilhar. Trabalhar com currículos de EJA reduzidos ou que não estejam condizentes às necessidades e especificidades dos estudantes é um esforço inócuo. É preciso oferecer uma formação ampla e atualizada, digital e que prepare esses jovens para um mercado de trabalho cada vez mais exigente e restrito.
O Sesc atua há várias décadas com a Educação de Jovens e Adultos, reforçando sua missão de promover ações socioeducativas que contribuam com a qualidade de vida. Para o desenvolvimento desse trabalho de escolarização, são consideradas as realidades das diversas regiões do país, de forma que a proposta educacional esteja em sintonia com os saberes dos territórios locais. O estudante precisa se sentir protagonista no processo, ter participação ativa na apreensão dos conhecimentos, para articulá-los com suas próprias experiências.
Atualmente, a instituição oferece a modalidade Educação de Jovens e Adultos em 94 unidades, atendendo a 18,8 mil alunos em todas as regiões do país. Em 2022, o Sesc EAD EJA — Educação a Distância para Jovens e Adultos — surge para ampliar esse trabalho, com a proposta de proporcionar formação em ensino médio e preparar o jovem para os desafios do mundo atual. Desenvolvido em um período de um ano e meio, o projeto compatibiliza o uso de uma plataforma de educação a distância a momentos presenciais, dando mais flexibilidade de estudo.
O curso foi pensado de forma a ter uma linguagem com a qual o jovem se identifique. Trabalha com conteúdos baseados em experimentações, que propiciam a maior interação dos participantes, proporcionando um aprendizado mais adequado ao seu tempo. Além disso, alia a formação no ensino médio à qualificação profissional em produção cultural, permitindo ao estudante ter a vivência de trabalhos realizados na área. Oferecido inicialmente em 13 estados das regiões Norte, Nordeste e Sul, o projeto chega neste semestre a mais dois estados: Rio de Janeiro e Paraíba. Em breve, a proposta de qualificação profissional será estendida a outras áreas de atuação, ampliando ainda mais o leque de possibilidades para o ingresso desses jovens no mercado de trabalho.
Atualmente, o Sesc EAD EJA conta com mais de 4.500 alunos. No próximo mês, o projeto forma sua primeira turma. São quase mil jovens certificados e aptos à conquista de uma vaga no mercado de trabalho. Mais do que isso: são jovens que ampliaram seus conhecimentos, renovaram suas esperanças e certamente estão alimentando novos sonhos.
JOSÉ CARLOS CIRILO, diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc
Artigo publicado originalmente no Correio Braziliense
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